Introspecção

Nestes dias, sempre nublados, em que só dá vontade de “dormir”...
Dias nos quais a alienação se apresenta como possibilidade única.
Pela janela a luz não passa, e o trânsito lá fora parece inexistir.
São dias em que a alma apaga, e o cérebro, ainda que exausto ante a obrigação de funcionar, liga sua luzinha vermelha e minúscula.
O Stand By, na ritmia de seu piscar, diz ao coração: espera-espera-espera.
O vácuo não é necessariamente um mau lugar quando se está ausente.
O silêncio faz parte da rotina de quem está cansado. Cansado de pensar. Cansado de sentir. Cansado de esperar.
Olho no espelho, e ele reflete a pobre criatura “desamada”, filhote sem ninho.
Reflete a chefinha do escritório. A esposa companheira. A mãe amorosa e preocupada. A dona de casa meia boca. A acadêmica atrapalhada. A menina chorona.
Reflete esta ânsia louca de viver, como num dia de calor, frente um rio de águas límpidas, cheio de piranhas.
Querer e não poder.
Bendito seja Deus, que embora tenha nos aprisionado a esta matéria, nos libertou a mente.